25 de Abril de 1974

5 de janeiro de 2011

A fuga da família real para o Brasil (7)

«Na manhã do dia 29 de Novembro o vento mudou. Às sete da manhã foi dada ordem para levantar âncora. Parara de chover e, com céu limpo, os navios balanceando, desceram o Tejo até à barra. (...)
Atrás de si, o esquadrão real deixava um cenário desolador: bagagens, papéis ensopados em água e caixotes abandonados espalhavam-se pelo cais. (...) Entre os detritos jaziam artigos inestimáveis do património da coroa, deixados para trás na pressa de partir.
(...)
Quatro vasos de guerra britânicos escoltariam a frota portuguesa; (...)
O alívio de sair da barra provocou uma momentânea sensação de optimismo a bordo da frota. Fosse o que fosse que tivessem pela frente, seriam poupados ao terror da ocupação francesa (...).»

Entretanto, em Lisboa...
«As impressões iniciais dos todos-poderosos franceses seriam uma desilusão. Os primeiros soldados a entrar na cidade vinham cheios de dores nos pés e exaustos, alguns tão fracos que tinham recrutado camponeses portugueses para lhes carregarem as armas. "O estado em que estávamos... é difícil de acreditar", recordava o Barão Thiébault, que integrou a campanha de Junot. "As nossas roupas tinham perdido completamente a cor e o feitio, não mudava de roupa interior desde Abrantes. Os pés saíam-me das botas". As ruas de Lisboa estavam agora vazias e as tropas de Junot entraram a coxear numa cidade que não opôs resistência. Chegaram às docas tarde de mais até para verem ao longe os navios. (...) A pilhagem da cidade começou imediatamente.»

Patrick Wilcken, Império à deriva


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