25 de Abril de 1974

18 de julho de 2018

Nelson Mandela - 100.º aniversário do seu nascimento


O Mundo celebra hoje o 100.º aniversário do nascimento de Nelson Mandela.



Nelson Mandela era um jovem advogado negro sul-africano, em 1962, ano em que foi preso.

Na África do Sul as leis discriminavam os negros, a maioria da população.
«Por muito que as políticas dos vários governos por vezes diferissem entre si, tinham em comum a manutenção deliberada da supremacia branca. Com um poder quase absoluto nas suas mãos, os brancos puderam lançar os alicerces da estrutura legal do apartheid


Era contra o regime de apartheid que Nelson Mandela lutava.
No julgamento afirmou as suas convicções: "Sou portador do ideal de uma sociedade democrática e livre em que todas as pessoas convivam em harmonia. É um ideal pelo qual estou pronto a morrer."

Prisão de Robben Island, onde Mandela esteve preso
Acusado de conspirar para derrubar o governo, Mandela foi condenado a prisão perpétua, juntamente com outros 7 ativistas.
Passaria na prisão 27 anos - foi libertado em fevereiro de 1990.



Os protestos dos negros sul-africanos tinham aumentado e existiam revoltas armadas. As situações de violência eram constantes. As críticas de muitos países tinham isolado a África do Sul.
Os governantes brancos perceberam que a segregação da população negra não podia continuar.
Em 1989 tinha havido greves de grandes dimensões por parte dos trabalhadores negros.
Foi na sequências destes últimos acontecimentos que o Presidente da República sul africana tomou a decisão de libertar Nelson Mandela.

Dia da libertação de Mandela - 11 de fevereiro de 1990
Foram necessários anos de negociações complexas entre Nelson Mandela, o Presidente da República (Frederic Willem de Klerk) e outras entidades até se chegar a acordo sobre a eleição de um novo parlamento e a possibilidade da maioria negra ter os mesmos direitos dos brancos e de exercer o poder.

Willem de Klerk e Nelson Mandela, em janeiro de 1994

As primeiras eleições livres, democráticas e multirraciais na África do Sul realizaram-se no dia 27 de abril de 1994.



Venceu o ANC, organização de que Mandela era líder, pelo que seria ele a formar governo.
No dia 10 de maio de 1994, Nelson Mandela tomou posse como Presidente. Depois de 27 anos como prisioneiro político, tornava-se chefe de estado da África do Sul.
A sua luta tinha valido a pena!


«Ia ter pela frente uma longa batalha pela conquista da igualdade económica e de acesso à educação, à habitação e ao emprego, mas pelo menos todos os sul-africanos, independentemente da cor da sua pele, eram agora iguais perante a lei e o racismo de Estado tinha sido finalmente derrubado.»



1 de julho de 2018

Diário de Notícias - o DN

No dia 29 de dezembro de 1864 foi editado o primeiro número do Diário de Notícias (DN).



O Diário de Notícias é - ao que julgo saber - o segundo jornal mais antigo de todos os que são editados em Portugal.

O DN abandonou a edição diária em suporte papel - ontem (30.06.2018) terá saído o seu último número.


Capa do DN n.º 54492, 30 de junho de 2018
A partir de hoje sairá em papel, semanalmente, aos domingos. Durante o resto da semana funcionará apenas online.

Capa do DN n.º 54493, 1 de julho de 2018

Pensemos que é um jornal com... 154 anos!
Fundado quando Portugal estava em plena monarquia constitucional e o rei era D. Luís I.

Eduardo Coelho num selo editado
por altura do centenário da fundação do DN 

Na sua origem esteve Eduardo Coelho, nascido em Coimbra, a 22 de Abril de 1835, numa rua que hoje tem o seu nome.
Veio para Lisboa, ainda muito novo, para se empregar.
Em 1857, entrou para a Imprensa Nacional, onde trabalhou na composição (produção) de livros.
Colaborou em várias publicações, tendo conhecido, então, Quintino Antunes, proprietário de uma tipografia - Tipografia Universal de Tomás Quintino Antunes.
E os dois fundaram o Diário de Notícias.

Tomás Quintino Antunes

O primeiro edifício onde funcionou o DN pertencia às oficinas de Quintino Antunes, localizando-se na esquina da Travessa do Poço da Cidade com a Rua dos Calafates (mais tarde, Rua do Diário de Notícias), local onde há registos de tipografias desde 1740.



«Três meses após a fundação, o "DN" tinha já, em exclusivo, 30 jovens vendedores pelas ruas de Lisboa, realizando uma média diária de 350 réis. Com ele nascera a imagem do ardina* lisboeta, hoje perpetuada na estátua que, em S. Pedro de Alcântara, rende homenagem a Eduardo Coelho.»
Marina Tavares Dias, Lisboa Desaparecida, vol. IV

* ardina - vendedor de jornais

Busto de Eduardo Coelho e, à frente, afigura do ardina
(que se pode ver com mais pormenor na figura da direita)

O Diário de Notícias foi inovador pelo tipo de textos (editorial, reportagem), pelo seu preço mais baixo (em comparação com os existentes à época) e por ser o primeiro a introduzir publicidade e a publicar anúncios.
(ver aqui texto do n.º 1 do DN)

A primeira ilustração no jornal surgiu ao fim de 13 anos, a 14 de junho de 1877, e tratava-se de um mapa relativo à guerra russo-turca.



Em 1940, o DN saiu do Bairro Alto e instalou-se ao cimo da Av. da Liberdade, num edifício construído de raiz para o efeito.

Av. da Liberdade, com o edifício do Diário de Notícias à esquerda.

O novo edifício desenhado por Stuart Carvalhais,
ainda antes da sua inauguração, para um suplemento do DN.

No interior do edifício existe um conjunto de painéis e de frescos da autoria de Almada Negreiros, em espaços que eram de acesso público.
Destaca-se um planisfério de 54 metros quadrados, gravado na pedra, onde Almada representou os quatro elementos da terra (água, fogo, terra e ar) e os doze signos do Zodíaco. 



Fresco Alegoria à Imprensa, de Almada Negreiros
Pormenor do mesmo fresco
Fresco Quem não sabe arte não-na estima
(nome retirado de um verso de Luís de Camões em Os Lusíadas, canto V)

O DN mudou-se, entretanto, para novas instalações. Esperemos que este valioso património não se perca e possa continuar a ser admirado. 
Que os novos proprietários saibam arte e a estimem!

E que o Diário de Notícias, património da nossa imprensa, num tempo tão difícil para os jornais em papel, possa continuar a ser uma referência do jornalismo em Portugal.

DN, edição comemorativa dos 150 anos
(29 de dezembro de 2014)