25 de Abril de 1974

21 de outubro de 2020

A descoberta do Estreito de Magalhães


A 21 de outubro de 1520, exatamente há 500 anos, tinha início o descobrimento da ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico, uma proeza levada a cabo por Fernão de Magalhães.
Foi nesse dia que se identificou o cabo que, depois, se verificou estar na entrada do acesso à tão procurada passagem para o “mar do Sul”, nome inicialmente dado ao Oceano Pacífico. Essa passagem veio a chamar-se Estreito de Magalhães, em sua homenagem.
Perante a grande alegria suscitada com a descoberta desta passagem, António Pigafetta, o cronista que seguia a bordo e narrou a viagem, declarou entusiasmado que não havia “no mundo um país mais bonito e um estreito melhor que aquele” e registou o facto de Fernão de Magalhães ter chorado de alegria com essa descoberta.


Não admira a alegria de Fernão de Magalhães, pois os tripulantes da sua armada já estavam convencidos de que a terra era fechada até ao Pólo Sul e que essa passagem, portanto, não existia.
Passava mais de um ano que a armada comandada por Fernão de Magalhães, ao serviço do rei de Espanha, inicialmente composta por 5 naus, saíra de Sevilha e buscava esta passagem.
Só a persistência de Magalhães permitiu que este ponto fosse alcançado, abrindo caminho ao seu objetivo: chegar às ilhas Molucas, as ilhas ricas em especiarias e que atualmente fazem parte de um país chamado Indonésia.


E que fazia um capitão português a capitanear uma armada ao serviço do rei de Espanha?
Fernão de Magalhães, nascido cerca de 1480, prestara vários serviços militares à coroa portuguesa. Ferido com alguma gravidade no norte de África, nunca recuperara completamente dessa mazela e recebia uma pensão que considerava ser baixa e não estar de acordo com a qualidade dos serviços prestados e com os riscos que correra.
O rei D. Manuel I recusou-se a aumentar-lhe a pensão e, descontente, Fernão de Magalhães decidiu ir para Espanha e apresentar ao rei Carlos I, o futuro imperador Carlos V, o projeto de uma viagem destinada a encontrar, no sul da América, a passagem do Atlântico para o Pacífico e atravessar este oceano até atingir as ilhas das especiarias. Propunha-se provar, também, que estas ilhas estavam localizadas no hemisfério espanhol, o que, a ser verdade, iria trazer muitas riquezas para o rei espanhol.


Devemos lembrar-nos que, em 1494, Portugal e Espanha, as duas grandes potências marítimas da época, para evitarem entrar em confronto, assinaram o Tratado de Tordesilhas: a Terra foi dividida em duas partes – o hemisfério português e o hemisfério espanhol. O que fosse descoberto ou conquistado em cada uma dessas partes pertencia ao país em cujo hemisfério se situasse.
Atraído pela ideia de futuras riquezas, o rei de Espanha aceitou a proposta de Fernão de Magalhães e nomeou-o capitão-mor de uma armada conhecida como a “Armada das Especiarias”.
Foi essa armada que, já reduzida a 3 navios, acabou por percorrer o autêntico labirinto que constitui o estreito agreste de 620 km, até entrar no Oceano Pacífico, a 28 de novembro de 1520.



Ultrapassado o estreito, Magalhães iniciou uma audaciosa navegação por mar aberto, através do oceano a que ele deu o nome de Pacífico.
Foram percorridos cerca de 18 mil km de um mar desconhecido e que não se pensava que fosse tão extenso, durante 3 meses e 9 dias. A tripulação confrontou-se com a fome e com a doença, sobretudo o escorbuto.
Quase a atingir o destino da viagem, Fernão de Magalhães foi morto durante um combate no arquipélago das Filipinas.
Entregue a outros capitães, a armada acabaria por chegar às ilhas das especiarias.
Depois de muitas aventuras no “Mar do Sul”, só uma das naus, comandada por Juan Sebastián de Elcano, regressaria a Espanha, navegando pela conhecida rota portuguesa do Cabo da Boa Esperança.


A 6 de Setembro de 1522, três anos depois da partida, a nau Vitória, com 18 homens a bordo, regressava ao ponto de partida - San Lúcar de Barrameda.
Estava concluída a primeira viagem de circum-navegação - a primeira volta ao mundo.
Confirmava-se que a Terra tem forma esférica, provava-se que os oceanos estão interligados e ficava-se com a verdadeira noção da dimensão do nosso planeta.
Apesar de não ter concluído a viagem, Fernão de Magalhães foi o seu grande mentor. Foi ele que comandou a armada nos percursos nunca antes percorridos e que deu o nome ao Oceano Pacífico e é em sua homenagem que existe o estreito com o seu nome.


Pode seguir aqui a viagem de Fernão de Magalhães, à distância de 500 anos.