25 de Abril de 1974

30 de dezembro de 2010

A fuga da família real para o Brasil (5)

«(...) na manhã de 27 de Novembro, o próprio D. João chegou às docas (...). [Dizia-se que o príncipe "enjoava de morte e que estava em pânico diante da perspectiva de uma travessia do Atlântico."] Por recomendação dos seus conselheiros, que receavam actos de violência, o príncipe regente deslocara-se para o porto numa carruagem não identificada, com o cocheiro vestido à paisana.
(...) o príncipe regente deixou instruções escritas sobre o tratamento a dar aos franceses quando chegassem à cidade. Deviam ser recebidos por uma assembleia de regência - o conselho de governadores - nomeada por D. João, que tinha ordens estritas para cooperar com Junot e aquartelar as suas tropas. (...)
A mulher de D. João, D. Carlota, chegou pouco depois numa carruagem menos discreta, de oito lugares, com os seus dois filhos, Pedro e Miguel, que tinha então seis anos, juntamente com criados e uma ama de leite para a Infanta Ana de Jesus, de onze meses. Chegaram depois mais coches com as suas outras cinco filhas (...)
A seguir chegou a mãe de D. João, a rainha D. Maria I, de setenta e três anos, que estava louca há mais de dez anos, e que era dada a ataques súbitos e irracionais. Quando o seu coche se aproximava das docas, diz-se que gritou: "Não vão tão depressa! Eles vão pensar que estamos a fugir!" Ao chegar ao porto, recusou-se a deixar a carruagem, forçando o capitão da frota real a tirá-la à força da cabina, levá-la ao colo pelo cais e depositá-la a bordo da galera que a esperava.»
    Patrick Wilcken, Império à deriva

Para o Brasil embarcavam 3 gerações da dinastia de Bragança.
Atenção: fixem os nomes dos dois filhos de D. João e de D. Carlota: Pedro e Miguel.

29 de dezembro de 2010

A fuga da família real para o Brasil (4)

À meia-noite de 24 de Novembro de 1807, o oficial de diligências do príncipe D. João recebeu ordens deste «para começar a organizar o embarque da família real e dos dignatários do Estado. (...)
Quando chegou ao porto, descobriu que estava a fervilhar de funcionários públicos, trabalhadores das docas e uma multidão de mirones. Debaixo dos chuviscos daquela madrugada, chegavam agora carruagens de todos os cantos da cidade, abrindo caminho entre os caixotes, as bagagens e as barricas de água que enchiam o  cais. (...)
Entretanto, as residências reais de Queluz e Mafra eram evacuadas. Os corredores de Mafra fervilhavam com criadas de copa, pagens e valetes que trabalharam toda a noite a desmantelar ornamentos do palácio, a despir a basílica de todo o ouro e prata e a carregar pinturas a óleo para o exterior sob a chuva de Outono. Daí, o recheio do mosteiro foi carregado em centenas de carruagens e transportado para o cais. O pessoal do palácio desfez a segunda residência principal da família real, Queluz, enfiando antiguidades, porcelanas, pratas e todos os valores móveis numa série ainda maior de coches.
Foi aqui que os outros membros da família real, D. Maria I, mãe de D. João, D. Carlota, e os seus oito filhos, se juntaram ao êxodo para o porto.
Embora os planos tenham sido pensados ao longo de vários meses, a evacuação rapidamente se desorganizou (...)»

Patrick Wilcken, Império à deriva


Ano Novo, imagem nova

A preparar o novo período, coincidindo com o novo ano, procurei melhorar a imagem do blogue.
Penso que está mais arejado e limpinho.

As previsões meteorológicas que procurei inserir é que nem sempre têm estado a funcionar. Estão como o tempo: de chuva.

Fico à espera das vossas visitas.
Aproveitem bem os últimos dias de férias.

27 de dezembro de 2010

A fuga da família real para o Brasil (3)


A primeira invasão, comandada por Junot

«Em meados de Outubro [de 1807] chegaram mais más notícias: Junot (...) estava agora a dirigir-se a bom ritmo, através de Espanha, para Portugal.»
Mas como recorda o Barão de Marbot (do exército de Napoleão): «Junot entrou na Espanha a 17 de Outubro e mandou avançar as suas colunas por estradas que não tinham sido preparadas para as receber. Os nossos homens dormiam ao ar livre e só recebiam metade da ração. O Outono estava a chegar ao fim, as tropas atravessavam os Pirinéus, onde o clima é rigoroso e cedo a estrada ficou coberta de homens doentes e retardatários.»
«Sob um tempo atroz, Junot forçou o resto do exército a prosseguir a sua marcha através da península.»
Quando as tropas francesas passaram a fronteira de Portugal, foi enviado um emissário para tentar convencer Junot de que os ingleses estavam a ser expulsos de Portugal. O encontro foi junto ao rio Zêzere. O emissário «encontrou o exército invasor num estado deplorável, "miserável, com falta de tudo" e Junot atarefado a tentar requisitar calçado para os seus homens nas terras em volta. (...) Junot disse que tinha chegado para libertar Portugal dos britânicos.»
Patrick Wilcken, Império à deriva


26 de dezembro de 2010

O Bolo Rei


Nesta época do ano, há um bolo que é muito popular em Portugal e está presente em quase todas as mesas de Natal – o Bolo Rei.

Ao pesquisar informações sobre o Bolo Rei, encontrei referências a um bolo idêntico que remontaria já à época do Império Romano.
Mas a maioria dos autores defende que o Bolo Rei terá surgido em França, no tempo de Luis XIV, para as festas do Ano Novo e do dia de Reis.

Luís XIV, o "Rei Sol"

Na simbologia cristã, o Bolo Rei passou a significar os presentes dos Reis Magos ao Menino Jesus.
Em 1789, quando da Revolução Francesa, este bolo chegou a ser proibido, tendo mudado o nome por se viver um período em que os reis não eram bem queridos.


Em Portugal, foi na Confeitaria Nacional que se começou a confeccionar o Bolo Rei. Baltazar Rodrigues Castanheiro Filho, proprietário desta Confeitaria, fundada em 1829, na Praça da Figueira (Lisboa), trouxe de França a receita e, também, mestres confeiteiros que inovaram o fabrico dos bolos.
Cerca de 1870 ter-se-á começado a vender o Bolo Rei. Progressivamente, a sua moda difundiu-se por outras confeitarias lisboetas e pelo país.
Inicialmente, o Bolo Rei destinava-se à celebração dos Reis e, por isso, era confeccionado apenas na véspera do Dia de Reis, mas o êxito levou a que o seu consumo se estendesse a toda a quadra natalícia.


Com a Implantação da República em Portugal (1910), para não lembrar o regime monárquico, ainda passou a ter a designação de Bolo Nacional, Bolo de Natal ou Bolo de Ano Novo.
O Parlamento chegou a propor a alteração do nome do Bolo Rei para Bolo República. Também havia quem o quisesse designar por “Bolo Presidente” ou “Bolo Arriaga”(referência a Manuel de Arriaga, primeiro Presidente da República).

Com o tempo, a tradição prevaleceu e o Bolo Rei continua a ser... Bolo Rei.


22 de dezembro de 2010

A fuga da família real para o Brasil (2)


«Em 1807, no auge das guerras napoleónicas, o príncipe regente português, D. João, tomou uma decisão extraordinária. Apesar de horrorizado com a ideia de uma viagem marítima, optou por transferir toda a corte e o governo para a maior colónia de Portugal, o Brasil.
Com as tropas francesas a apertarem o cerco a Lisboa, um total de 10.000 aristocratas, ministros, sacerdotes e criados sobe a bordo das frágeis embarcações da frota portuguesa. Após uma difícil viagem transatlântica sob escolta britânica, desembarcam imundos, cheios de piolhos e esfarrapados, para grande surpresa dos súbditos do Novo Mundo.»

Da apresentação do livro de Patrick Wilcken, Império à deriva


 

17 de dezembro de 2010

Férias do Natal


O 1.º Período chegou ao fim.
Os alunos entraram de férias.
E todos entrámos noutro período: o do Natal.

As invasões franceses ficam em suspenso. Aliás, nas nossas aulas já corremos com o Massena.
Mas fica o convite para frequentarem este sítio, aproveitando o facto de estarem com mais tempo livre. Irei procurar pôr aqui algumas "coisinhas" leves.

Para todos...
BOAS FÉRIAS  E  BOAS FESTAS




14 de dezembro de 2010

A fuga da família real para o Brasil (1)


Despachada a Ficha de Avaliação - ainda falta saber os resultados! - temos o exército francês a regressar a casa, como disse o Moisés (6.º 10) numa das respostas, e a corte portuguesa no Brasil.

Há um livro interessante sobre a viagem da família real para o Brasil e a sua estada aí. Ainda é um bocadinho "pesado" para vocês, mas tem passagens curiosas. Chama-se Um Império à deriva e foi escrito por Patrick Wilcken, um australiano.


Depois, eu transcrevo umas passagens.


7 de dezembro de 2010

Ficha de Avaliação (1.º Período - 2.ª ficha)


Conforme disse na aula, poderão ver aqui os objectivos da próxima ficha de avaliação - aquilo que devem saber

Este documento poderá servir de guião ao vosso estudo, isto é, poderá orientá-lo.
Podem imprimi-lo e ir registando o que já estudaram e/ou o que já sabem.

Espero que vos seja útil.
Fico à espera de bons resultados.

Bons estudos e bom feriado.

5 de dezembro de 2010

Curiosidades - Exposição “Membros Portugueses da Royal Society"


Na Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra está patente, até ao 28 de Fevereiro de 2011, a exposição “Membros Portugueses da Royal Society".

Os visitantes podem ver instrumentos científicos e documentos históricos relacionados com a Royal Society.

A Royal Society é a mais antiga sociedade científica do mundo ainda em actividade, tendo sido criada há 350 anos – em Novembro de 1660, na cidade de Londres. Foram seus criadores 12 homens que pretendiam aprofundar o estudo experimental da Natureza.
Em 1662, o rei inglês Charles II, casado com D. Catarina de Bragança (filha do rei D. João IV) decidiu que a sociedade se tornasse Sociedade Real.
Dela fizeram parte cientistas como Isaac Newton e Darwin, mas também cientistas portugueses (25 no total, o último dos quais um matemático do princípio do século XIX). E são esses portugueses que a exposição destaca.


Curiosamente, na exposição é possível ver o original de uma carta escrita, em 1661, por D. Catarina de Bragança (na altura ainda a viver em Portugal) ao seu marido (D. Carlos II), que nem conhecia a esposa pessoalmente, pois o casamento foi acordado “à distância”.
A carta foi escrita pela mão da rainha, em português, porque ela não sabia inglês, assim como D. Carlos não sabia português.

D. Catarina iria para Inglaterra num navio da armada inglesa - na exposição há, também, uma gravura que mostra a grandiosidade do cortejo - mas D. Carlos II nem sequer foi recebê-la à chegada, mandando o irmão.
O casamento correu mal...

Como sei que na turma do 6.º 10 a Ana Carolina é uma fã de D. Catarina, esta é uma mensagem quase personalizada.
Mas é válida para todos os curiosos


Ana: o texto da carta está parcialmente transcrito no livro que andas a ler.

4 de dezembro de 2010

As invasões francesas no cabeçalho


Novo tema, nova imagem no cabeçalho...

A propósito das invasões francesas, a imagem que representa momentos da batalha do Buçaco, disputada a 27 de Setembro de 1810. Fez 200 anos.
O centenário da República ofuscou o 2.º centenário de batalhas decisivas travadas com os franceses, quando da 3.ª e última invasão, comandada por Massena, em 1810.

No Slideshow sucedem-se imagens de 6 batalhas travadas entre o exército luso-inglês e o exército francês.
Estas batalhas integram-se no que se chamou Guerra Peninsular.

3 de dezembro de 2010

Invasões Francesas - Apresentação e Jogos


Novidades!
Sobre as Invasões Francesas:

1 - Disponibilizo 
aqui a apresentação passada na aula

2 - Encontram jogos 
aqui
 - procurem o tema As Invasões Francesas


Espero que vos seja útil.

É possível que possam aparecer informações sobre a ficha de avaliação nos dias mais próximos. Estejam atentos.

Bom fim-de-semana...



1 de dezembro de 2010

1 de Dezembro - Dia da Restauração

Estava-se em 1640 e a Espanha dominava Portugal.
Reinava Filipe IV de Espanha (Filipe III de Portugal).

Mas desde finais de 1638 que parte da nobreza portuguesa começou a organizar uma conspiração.
D. João, duque de Bragança, devia ser o seu chefe, mas hesitava em assumir essa liderança.

Finalmente, em Novembro de 1640, D. João deu o seu apoio aos conspiradores.
Na manhã do dia 1 de Dezembro um grupo de nobres atacou o palácio real de Lisboa e prendeu a duquesa de Mântua (nomeada vice-rainha de Portugal por Filipe IV, seu avô).

Palácio Real - em 1.º plano a torre mandada construir por D. Filipe I (imagem virtual)

D. João foi aclamado como rei - D. João IV - mas só alguns dias mais tarde entrou em Lisboa, fazendo o juramento solene como rei a 15 de Dezembro de 1640.


Seguiram-se 28 anos de guerra com Espanha - a Guerra da Restauração - para assegurar a independência.
Em 1668 foi finalmente assinado o Tratado de Madrid, reconhecendo a Espanha a legitimidade da monarquia portuguesa.

O apoio a D. João IV não foi unânime. Havia quem preferisse ficar sob o domínio espanhol.
Mas isso são outras histórias, mais complexas, que não vêm agora a propósito.