25 de Abril de 1974

29 de dezembro de 2010

A fuga da família real para o Brasil (4)

À meia-noite de 24 de Novembro de 1807, o oficial de diligências do príncipe D. João recebeu ordens deste «para começar a organizar o embarque da família real e dos dignatários do Estado. (...)
Quando chegou ao porto, descobriu que estava a fervilhar de funcionários públicos, trabalhadores das docas e uma multidão de mirones. Debaixo dos chuviscos daquela madrugada, chegavam agora carruagens de todos os cantos da cidade, abrindo caminho entre os caixotes, as bagagens e as barricas de água que enchiam o  cais. (...)
Entretanto, as residências reais de Queluz e Mafra eram evacuadas. Os corredores de Mafra fervilhavam com criadas de copa, pagens e valetes que trabalharam toda a noite a desmantelar ornamentos do palácio, a despir a basílica de todo o ouro e prata e a carregar pinturas a óleo para o exterior sob a chuva de Outono. Daí, o recheio do mosteiro foi carregado em centenas de carruagens e transportado para o cais. O pessoal do palácio desfez a segunda residência principal da família real, Queluz, enfiando antiguidades, porcelanas, pratas e todos os valores móveis numa série ainda maior de coches.
Foi aqui que os outros membros da família real, D. Maria I, mãe de D. João, D. Carlota, e os seus oito filhos, se juntaram ao êxodo para o porto.
Embora os planos tenham sido pensados ao longo de vários meses, a evacuação rapidamente se desorganizou (...)»

Patrick Wilcken, Império à deriva


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