25 de Abril de 1974

5 de outubro de 2024

Histórias do 5 de Outubro de 1910

No dia 5 de Outubro de 1910, o rei D. Manuel II de Portugal deveria ter-se deslocado a Vidago, a fim de estar presente no jantar da inauguração do Palace Hotel, propriedade do seu Primeiro-Ministro, Teixeira de Sousa. Este era o menu:


Menu previsto para o jantar de inauguração
do Palace Hotel de Vidago

Acontece que, na madrugada de 3 para 4 de Outubro, tiveram início as acções armadas que levaram ao fim da monarquia.

Às 18 horas do dia 4, o Palácio das Necessidades foi bombardeado, a partir do Tejo, pelo cruzador  Adamastor e D. Manuel II, não tendo a sua segurança garantida, partiu para o Palácio de Mafra.

Na manhã do dia 5, tendo conhecimento da situação vivida em Lisboa, as rainhas D. Maria Pia e D. Amélia saíram de Sintra, onde se encontravam, e dirigiram-se, também, para Mafra.

No Palácio de Mafra fizeram a sua última refeição em Portugal. Terá sido após o almoço que tiveram conhecimento da proclamação da República, em Lisboa. Emissários informaram que D. Afonso, irmão de D. Carlos I e tio, portanto, de D. Manuel II, se encontrava ao largo da Ericeira, no iate Amélia, em que saíra de Cascais. A família real devia embarcar rapidamente para não ser surpreendida pelos revoltosos. 

«Como o iate tinha poucos mantimentos, o monarca, a mãe e a avó arranjaram farnéis e puseram-se a caminho daquela praia. (...) No primeiro automóvel seguiram para a Ericeira a Sr.ª D. Amélia, a Condessa de Figueiró, D. Maria de Menezes e Vasco Belmonte; no segundo a Sr.ª D. Maria Pia, a marquesa de Unhão e o conde de Mesquitela; no terceiro, o Sr. D. Manuel, os condes de Sabugosa e S. Lourenço, marquês do Faial, Waddington e Melo Breyner. Atrás uma escolta de cavalaria. Na Ericeira juntaram-se aos fugitivos os Srs. Serrão Franco e Dr. Eduardo Burnay. O mar estava agitado e o embarque tornava-se difícil.» (Jorge de Abreu, A Revolução Portuguesa - o 5 de Outubro)

«As reais pessoas foram da praia para o iate em barcos de pescadores - aquele em que embarcou o rei chamava-se Bom-Fim, as rainhas foram na Navegadora. Eram barcas sardinheiras, mal-cheirosas para régias narinas. Eram 4 horas da tarde.» (Joaquim Romero Magalhães)

A população da Ericeira, "nas ribas", assistiu, ao embarque, como é visível na foto abaixo.





Portanto, o rei não chegou a deslocar-se ao Vidago e o jantar não se viria a realizar.

Menu por menu, também se conhece o do almoço da família real em Mafra - um almoço que não estava programado, cozinhado nos aposentos do Dr. Thomaz de Mello Breyner, médico da família real, no Paço de Mafra.

O menu do almoço tem, à margem, a anotação do médico:
«Última refeição, por sinal bem amargurada, que El Rei Dom Manuel II, sua mãe e sua avó paterna comeram em terra Portuguesa.»


Menu do último almoço de D. Manuel II em Portugal


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