25 de Abril de 1974

5 de outubro de 2024

Histórias do 5 de Outubro de 1910

No dia 5 de Outubro de 1910, o rei D. Manuel II de Portugal deveria ter-se deslocado a Vidago, a fim de estar presente no jantar da inauguração do Palace Hotel, propriedade do seu Primeiro-Ministro, Teixeira de Sousa. Este era o menu:


Menu previsto para o jantar de inauguração
do Palace Hotel de Vidago

Acontece que, na madrugada de 3 para 4 de Outubro, tiveram início as acções armadas que levaram ao fim da monarquia.

Às 18 horas do dia 4, o Palácio das Necessidades foi bombardeado, a partir do Tejo, pelo cruzador  Adamastor e D. Manuel II, não tendo a sua segurança garantida, partiu para o Palácio de Mafra.

Na manhã do dia 5, tendo conhecimento da situação vivida em Lisboa, as rainhas D. Maria Pia e D. Amélia saíram de Sintra, onde se encontravam, e dirigiram-se, também, para Mafra.

No Palácio de Mafra fizeram a sua última refeição em Portugal. Terá sido após o almoço que tiveram conhecimento da proclamação da República, em Lisboa. Emissários informaram que D. Afonso, irmão de D. Carlos I e tio, portanto, de D. Manuel II, se encontrava ao largo da Ericeira, no iate Amélia, em que saíra de Cascais. A família real devia embarcar rapidamente para não ser surpreendida pelos revoltosos. 

«Como o iate tinha poucos mantimentos, o monarca, a mãe e a avó arranjaram farnéis e puseram-se a caminho daquela praia. (...) No primeiro automóvel seguiram para a Ericeira a Sr.ª D. Amélia, a Condessa de Figueiró, D. Maria de Menezes e Vasco Belmonte; no segundo a Sr.ª D. Maria Pia, a marquesa de Unhão e o conde de Mesquitela; no terceiro, o Sr. D. Manuel, os condes de Sabugosa e S. Lourenço, marquês do Faial, Waddington e Melo Breyner. Atrás uma escolta de cavalaria. Na Ericeira juntaram-se aos fugitivos os Srs. Serrão Franco e Dr. Eduardo Burnay. O mar estava agitado e o embarque tornava-se difícil.» (Jorge de Abreu, A Revolução Portuguesa - o 5 de Outubro)

«As reais pessoas foram da praia para o iate em barcos de pescadores - aquele em que embarcou o rei chamava-se Bom-Fim, as rainhas foram na Navegadora. Eram barcas sardinheiras, mal-cheirosas para régias narinas. Eram 4 horas da tarde.» (Joaquim Romero Magalhães)

A população da Ericeira, "nas ribas", assistiu, ao embarque, como é visível na foto abaixo.





Portanto, o rei não chegou a deslocar-se ao Vidago e o jantar não se viria a realizar.

Menu por menu, também se conhece o do almoço da família real em Mafra - um almoço que não estava programado, cozinhado nos aposentos do Dr. Thomaz de Mello Breyner, médico da família real, no Paço de Mafra.

O menu do almoço tem, à margem, a anotação do médico:
«Última refeição, por sinal bem amargurada, que El Rei Dom Manuel II, sua mãe e sua avó paterna comeram em terra Portuguesa.»


Menu do último almoço de D. Manuel II em Portugal


22 de fevereiro de 2024

Portugal e o Futuro - o livro que abalou o regime

Faz hoje 50 anos que foi posto à venda o livro em que o general António de Spínola pôs em causa a política colonial do Governo do Estado Novo.

O General Spínola foi Governador-Geral e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, tendo regressado ao Continente (à Metrópole) em meados de 1973.

«(...) designado o Novo Ministro de Defesa, Prof. Silva Cunha, o General Spínola mostrou o maior interesse em ocupar funções que lhe permitissem partir em viagem para África. Encarou-se, primeiro, a hipótese de o nomear Inspector Geral das Forças Armadas, mas levantaram-se dificuldades da parte das hierarquias militares. Surgiu, a seguir, a solução de criar o lugar de Vice-Chefe de Estado Maior General, com quatro estrelas, para coadjuvar o Chefe por cuja delegação despacharia e foi nesse sentido que se decidiu, com acordo e aprazimento do interessado.

(...)

[Spínola] Anunciou, então [no dia em que tomou posse daquele cargo], a publicação para os próximos dias do seu livro. Julgava eu que fosse apenas a exposição e defesa da tese federalista e das vias para a tornar praticável. Perguntei-lhe se estava já autorizado a publicar. Respondeu-me que certamente o governo tinha confiança nele...

- Não, senhor general, o problema não é ter ou não ter confiança. Mas observar as leis e regulamentos militares. O senhor acaba de ser empossado no segundo lugar da hierarquia das Forças Armadas e não vai certamente querer começar por cometer uma infração à disciplina que lhe tiraria autoridade para a impor aos outros. Se tem alguma relutância em submeter aos seus superiores imediatos a apreciação do que escreveu eu próprio me ofereço para fazer a leitura e posso garantir-lhe que a farei com a maior largueza de espírito.

Confessou-me que pensara muito se me devia dar a ler o livro, ou não. E concluíra pela negativa. Porque sustentava pontos de vista que nem todos aceitavam mas que considerava indispensável trazer a lume e, de duas, uma: ou eu admitia a publicação e isso me comprometeria, ou não admitia e, pensava ele, daí resultaria grave inconveniente para o País.

Voltei ao meu ponto de vista: que fosse eu ou outro a fazer a leitura, era indiferente, contanto que se respeitasse a regra de que um oficial na actividade do serviço não pode publicar opiniões sobre matérias políticas sem autorização superior. E aqui surgiu uma dúvida: que dizia a lei? Autorização superior ou autorização ministerial? Nenhum de nós tinha a certeza. O General iria verificar. Porque na primeira hipótese bastava que fosse dada pelo Chefe do Estado Maior General como seu superior. Este que lesse o livro e decidisse ou, quando a competência não lhe pertencesse, que emitisse o seu parecer para o Ministro da Defesa resolver.

E nisto ficámos.»

Marcello Caetano, Depoimento

O parecer do Chefe do Estado Maior General, General Costa Gomes (de 11 de Fevereiro de 1974), foi favorável, afirmando que o autor do livro «defende com muita lógica uma solução equilibrada que podemos situar mais ou menos a meio de duas soluções extremas que têm sido largamente debatidas: a independência pura, simples e imediata de todos os territórios ultramarinos, patrocinada pelos comunistas e socialistas, e a de integração num todo homogéneo de todas aquelas parcelas, preconizada pelos extremistas de direita. Não necessitamos de desenvolver grande argumentação para concluirmos que estas soluções devem ser postas de lado, a primeira por ser lesiva aos interesses nacionais e a segunda por ser inexequível.» A publicação do livro seria um serviço "brilhante" prestado ao país.

O Ministro da Defesa não terá tido a possibilidade de ler o livro:
«Comunicou-me que fizera diligências para se inteirar do conteúdo do livro, mas sem resultado: deparara com decidida resistência. Estranhava, como era natural, a recusa e temia que o livro não fosse apenas a defesa da solução federal como até aí pensávamos e até do parecer se inferia. Que fazer?»

Marcello Caetano, Depoimento

Sendo público que o livro estaria para sair, Marcelo Caetano considerou não ser "conveniente que se pusesse a correr a notícia de que fora proibido pelo governo, tratando-se da obra de um homem até há pouco cumulado de honrarias e que acabava de ser investido num lugar da maior confiança."

Se Costa Gomes, "o principal conselheiro para os assuntos militares do Chefe do Governo e do Ministro da Defesa", subscrevera aquele parecer, "não deixara certamente de ponderar a delicadeza da sua posição pela qual era altamente responsável." Marcelo Caetano "não podia admitir que tais pessoas não tivessem a noção do interesse nacional e do dever militar". Um desconfiado Ministro da Defesa lançou o despacho da autorização da publicação.

A 18 de Fevereiro, Marcelo Caetano recebeu um exemplar de Portugal e o Futuro, com "amável" dedicatória do autor.

«Só no dia 20 consegui, passadas já as onze da noite, encetar a leitura ao cabo de uma fatigante jornada de trabalho. Já não larguei a obra antes de chegar à última página, por alta madrugada. E ao fechar o livro tinha compreendido que o golpe de Estado militar, cuja marcha eu pressentia há meses, era agora inevitável.»

Marcello Caetano, Depoimento

O Presidente da República também recebeu um exemplar do livro, a 21 de Fevereiro, com uma dedicatória em que Spínola justificava estar convicto de "prestar ao país um serviço na hora grave em que não é lícito recusar o contributo para o esforço comum de prosseguir a grandeza de Portugal".

Américo Tomás que, mais tarde, vai escrever em memórias (Últimas Décadas de Portugal) que «tratando-se de um livro mais político e económico do que militar, não deveria ter sido pedido parecer ao CEMGFA, nem basear nele a autorização de publicação. Em suma, Thomaz considera o parecer um erro e que nem Caetano nem Silva Cunha estiveram à altura dos cargos que ocupavam ao autorizar o livro.» (José Matos e Zélia Oliveira, Rumo à Revolução)


O livro era o sinal da existência de fracturas na política do regime, assumindo algumas posições discordantes do discurso oficial.
 A política colonial era posta em causa e Spínola tornou público o conflito com o Governo. 

«Poderia alcançar-se a vitória retirando às forças de subversão a vontade de combater pela adesão da sua massa à causa da ordem estabelecida, ou levando os interesses que as apoiam a retirar o seu auxílio. Em qualquer dos casos, porém, seria uma vitória política e não militar. E como é utópico pensar que aqueles interesses desarmem enquanto a massa revelar vontade de combater, apenas resta uma via para a solução do conflito - e essa eminentemente política.

Podemos assim chegar à conclusão que, em qualquer guerra deste tipo, a vitória exclusivamente militar é inviável. Às Forças Armadas apenas compete, pois, criar e conservar pelo período necessário - naturalmente não muito longo - as condições de segurança que permitirão soluções político-sociais, únicas susceptíveis de pôr termo ao conflito.»

António de Spínola, Portugal e o Futuro

Parece haver unanimidade que "a federação de Estados lusíadas proposta por Spínola já estava ultrapassada quando Portugal e o Futuro chegou às livrarias".

«O livro não é importante pelo que diz — um conjunto de vulgaridades —​, mas porque coloca um sector das Forças Armadas perante a evidência de um general encarar a solução da guerra por vias políticas.» Isso terá contribuído para que alguns militares indecisos acabassem por se decidir a alinhar com o MFA que avançava em caminho autónomo. (Carlos Matos Gomes)

«(...) sem o Portugal e o Futuro publicado, haveria um setor significativo das Forças Armadas que talvez se tivesse sentido menos motivado para aderir ao Movimento dos Capitães. É que o livro de Spínola, independentemente do seu conteúdo não muito radical sobre a política colonial, acabou legitimar interrogações sobre o fim da guerra. E muita gente, nas Forças Armadas, só aderiu ao golpe porque estava motivada pelo dissídio de Spínola.» (Francisco Seixas da Costa)

Os jornais República e Expresso deram ampla divulgação à publicação do livro. Álvaro Guerra, que fazia o fecho da edição do República, arriscou o título «'A guerra está perdida’, afirma o general Spínola, no seu livro Portugal e o Futuro, publicado hoje». No Expresso, Marcelo Rebelo de Sousa e Pinto Balsemão "fizeram render o peixe".

A venda foi um sucesso - largas dezenas de milhares de exemplares vendidos em poucas semanas.

E as ondas de choque iriam suceder-se...


9 de setembro de 2023

Há 50 anos - O nascimento do Movimento das Forças Armadas (MFA)

A 9 de setembro de 1973 realizou-se, no monte do Sobral, em Alcáçovas (distrito de Évora), uma reunião de 136 oficiais de todas as armas e serviços das Forças Armadas, em reação aos decretos-leis n.ºs 353/73 e 409/73 (de 13 de julho e de 20 de agosto de 1973). 
A maioria dos presentes decidiu continuar a contestar os citados decretos, juntando-se ao protesto subscrito por 51 oficiais a prestar serviço na Guiné-Bissau (incluindo Otelo Saraiva de Carvalho, Manuel Monge, Salgueiro Maia, Duran Clemente e Carlos Matos Gomes) e a que se juntariam mais 97 oficiais a prestar serviço em Angola. 
Um documento dirigido ao presidente do Conselho, com conhecimento ao Presidente da República, foi redigido e, posteriormente, posto a circular para recolha de assinaturas. Nele era pedida uma solução para a situação de injustiça criada pelos citados decretos-leis.
Esta reunião é considerada o nascimento do Movimento das Forças Armadas.

Monte do Sobral (Alcáçovas)

Os referidos decretos pretendiam resolver o problema da falta de oficiais com que o exército se debatia face à continuação da guerra colonial. Mas eles permitiam que capitães milicianos entrassem para o quadro permanente realizando um “curso acelerado para oficiais” (de 2 semestres) e, dessa forma, ultrapassassem os cadetes formados na Academia Militar e que já pertenciam ao quadro permanente (e que necessitavam de 4 anos para serem promovidos a alferes).
Perante a recusa de diálogo por parte das autoridades políticas e militares, a 6 de outubro teria lugar uma nova reunião.
A 12 de outubro, o Ministro do Exército e da Defesa Nacional, Sá Viana Rebelo, que defendia os decretos em causa, acabou por os suspender e o Ministro do Ultramar, Silva Cunha, nomeou uma comissão para estudar a situação dos oficiais face a estes diplomas.
Curiosamente, na remodelação governamental que teve lugar no mês seguinte (7 de novembro), Viana Rebelo deixou de fazer parte do Governo, Silva Cunha passou a Ministro da Defesa Nacional e o Ministro do Ultramar passou a ser Baltasar Rebelo de Sousa (pai do atual Presidente da República).
Apesar da suspensão dos decretos, o Movimento dos Capitães não parou, ganhando uma tonalidade mais política. A reunião de 9 de setembro terá marcado o fim da “fase corporativa” e o início da fase em que se colocou como necessária uma solução política para guerra em África.


Placas evocativas da reunião


30 de dezembro de 2022

A vigília pela Paz na Capela do Rato

Em 1972, Portugal continuava mergulhado numa guerra em 3 frentes – Angola, Guiné e Moçambique – pela manutenção do Império Colonial.

A data de 1 de janeiro de cada ano fora escolhida pelo Papa Paulo VI como dia dedicado à Paz. Paulo VI consignara como lema das celebrações desse ano “A Paz é possível, a Paz é obrigatória”.



No sábado 30 de dezembro de 1972, no fim da missa das 19.30 h, na Capela do Rato (Lisboa), Maria da Conceição Moita anunciou aos presentes, em nome de um grupo de católicos, que iria “comunicar uma decisão e pôr um problema a toda a comunidade”, lendo então uma declaração que informava da realização de uma vigília de 48 horas como forma de protesto contra a Guerra Colonial. A ideia era refletir sobre a situação da guerra e debater formas de conseguir a paz.


A organização da iniciativa terá sido amadurecida no 2.º semestre do ano, por Luís Moita, Nuno Teotónio Pereira e Francisco Cordovil, a que se juntaram depois Maria da Conceição Moita, João Cordovil, António Matos Ferreira e José Galamba de Oliveira. Segundo Francisco Cordovil (então militante da Juventude Escolar Católica), “foi uma ação coletiva baseada na cumplicidade ética e de propósitos. O que mais uniu as pessoas foi o dever de discutir a questão da guerra colonial, como outras que desafiavam as nossas vidas e a nossa realização futura.”

O padre que celebrara a missa deixou à consciência de cada um dos presentes a posição a tomar.

Informado posteriormente, o padre responsável pela capela (padre Alberto Neto), que não fora o celebrante por motivos de saúde, não se opôs à iniciativa.

Nas missas de domingo de manhã, os padres oficiantes leram um texto redigido em conjunto com o padre Alberto Neto, onde afirmavam “Seja qual for a nossa posição diante deste gesto, ele tem um sentido interpelativo de tal densidade que não o podemos ignorar.”



No grupo de católicos organizador havia algumas pessoas com ligações às Brigadas Revolucionárias (PRP-BR) e que informaram este grupo político da preparação da vigília. As BR ajudaram à sua divulgação: organizaram a distribuição de panfletos a anunciar a vigília, convocando quem quisesse aparecer. Em Lisboa, petardos espalharam panfletos! A informação seria depois transmitida pela Rádio Voz da Liberdade, em Argel.

O apelo à participação de mais pessoas (católicas ou não) também foi feita à porta de várias Igrejas. “Ainda hoje me espanta como conseguimos, sem telemóveis, avisar tanta gente”. (Jorge Wemans, à data estudante universitário).

No domingo, os participantes aprovaram uma moção onde se repudiava a política do Governo de “prosseguir uma guerra criminosa com a qual tenta aniquilar movimentos de libertação das colónias” e denunciava a “cumplicidade da hierarquia da Igreja Católica face a esta guerra”.



Pouco antes das 21 horas do dia 31, a vigília seria interrompida pelas forças policiais, incluindo agentes da PIDE-DGS, que invadiram a capela, antecipando o fim previsto para o dia seguinte. Os cerca de 90 presentes foram levados pelas autoridades à esquadra local para identificação, tendo 14 deles sido conduzidos a Caxias, onde ficaram incomunicáveis na prisão por vários dias.

Os 12 funcionários públicos presentes na vigília viriam de ser alvo de processos disciplinares e demitidos, conforme decisão do Conselho de Ministros (9 de janeiro de 1973).

O Padre Alberto Neto foi destituído do seu cargo e os dois padres que foram celebrar missa na capela no dia 1 chegaram a ser levados para a sede da PIDE-DGS, pois tinha sido ordenado o encerramento do espaço, e só saíram por intervenção direta do Cardeal-Patriarca, D. Manuel Ribeiro.


As detenções feitas pelas forças de segurança
Desenho de Sofia Cavaleiro (app.parlamento)

A vigília da Capela do Rato é considerada “um dos momentos mais emblemáticos – porventura, o mais emblemático – da oposição de matriz católica ao Estado Novo e, em particular, ao marcelismo. Tal significa que foi alcançado plenamente o principal objetivo dos promotores da vigília: garantir que o seu gesto tivesse grande visibilidade e impacto, para o que muito contribuíram dois fatores – a colaboração de uma organização de luta armadas, as Brigadas Revolucionárias, e a reação das autoridades civis.” (António Araújo, A oposição católica no marcelismo: o caso da Capela do Rato)

O que poderia não passar de mais um “breve episódio da luta de uma minoria de católicos de elite contra o regime autoritário” acabou por ter repercussões que superaram o que os próprios organizadores previram.

As prisões e a posterior expulsão da Universidade do conceituado economista português Pereira de Moura provocaram uma onda de protesto internacional. Rui Patrício, Ministro dos Negócios Estrangeiros, terá chegado a pedir a libertação imediata dos presos, para evitar mais uma campanha contra a ditadura, mas sem sucesso.

O Chefe do Governo foi levado a intervir em público, através de uma comunicação ao país pela rádio e pela televisão (15 de janeiro) . O assunto chegaria também à Assembleia Nacional, que o debateu ao longo de várias sessões (entre 16 e 23 de janeiro). A intervenção do deputado João Pedro Miller Guerra, defendendo que a legitimidade da presença de Portugal no Ultramar podia ser discutida em qualquer parte, foi impedida, pela Comissão de Exame Prémio (censura), de ser divulgada. Na sequência desse debate, dois deputados da chamada Ala Liberal – Francisco Sá Carneiro e o referido Miller Guerra – renunciaram ao mandato.

A reação do regime virou-se contra o próprio regime.



Três anos antes, depois de uma missa celebrada pelo Cardeal Cerejeira, uma ação semelhante na igreja de S. Domingos, em Lisboa, passara quase despercebida. Para esta primeira iniciativa dos chamados “católicos progressistas”, Sophia de Mello Breyner Andresen compusera o poema “Vemos, ouvimos e lemos”.




29 de outubro de 2022

Estado do tempo (hoje de manhã)

E hoje de manhã, em Lisboa, o estado do tempo era este:

Nebulosidade (nuvens) que trazia precipitação:


Humidade:


Temperatura:


Vento:


E assim recordámos os elementos do clima.


14 de junho de 2022

Galeria Real - Dinastia de Bragança

Trabalho realizado pelos alunos do 6.º E.


D. João IV
(autores: Diogo e Leonor)

O D. João IV Foi o primeiro rei da quarta dinastia com o cognome de "O Restaurador".

Ele nasceu no dia 19 de março de 1604, em Vila Viçosa, e começou a governar Portugal em 1640, depois de restaurar a independência do Reino, acabando com o domínio filipino em Portugal.

D. João IV morreu dia 6 novembro de 1656. Ele teve 7 filhos. O filho que ficou com o trono depois de sua morte foi o D. Afonso VI.

Diogo e Leonor


D. Afonso VI
(autores: Joel e Kelvi)

O D.Afonso VI nasceu em Lisboa a 21 de agosto de 1643.

Os seus ascendentes são D. João IV e D. Luísa de Gusmão.

D.Afonso VI casou com a Maria Francisca Isabel de Saboia.

O irmão de Afonso VI era D.Pedro II, que foi o sucessor do trono.

No reinado de D. Afonso VI foi importante o final da Guerra da Restauração.

A 23 de novembro de 1667, D. Afonso VI abdicou do poder a favor do irmão, D. Pedro II.

A 24 de março de 1668, o seu casamento foi anulado e D. Afonso foi desterrado para Angra do Heroísmo.

Em 1674, regressou ao Reino e foi fechado no Palácio de Sintra, onde faleceu a 12 de agosto de 1683, vítima de tuberculose pulmonar.

Joel


D. Pedro II
(autor: Daniel)

D. Pedro II (Lisboa, 26 de abril de 1648 – Alcântara, 9 de dezembro de 1706), apelidado de "O Pacífico", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1683 até à sua morte, anteriormente servindo como regente de seu irmão, o rei Afonso VI, a partir de 1668 até sua ascensão ao trono.

Artur


D. João V
(autores: Vasco e Phellype)

D. João V nasceu no dia 22 de outubro de 1689, no Paço da Ribeira, em Lisboa.

O pai de D. João V é D. Pedro II e a mãe, Maria Sofia Isabel de Neuburgo.

D. João casou com a Maria Ana de Áustria, filha do imperador Leopoldo da Áustria, e tiveram 6 filhos: José I, Pedro III, Maria Bárbara, Pedro de Bragança, Príncipe do Brasil, Carlos e Alexandre Francisco.

Como rei, João V empenhou-se em projetar Portugal como uma potência internacional. Ele ordenou as faustosas embaixadas que enviou ao imperador Leopoldo I, em 1708, ao rei Luís XIV de França, em 1715, e ao papa Clemente XI, em 1716. 

Também foi um grande edificador, sendo os principais testemunhos materiais do seu tempo: o Palácio Nacional de Mafra, a Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, o Aqueduto das Águas Livres em Lisboa, e a maior parte dos coches da coleção do Museu Nacional dos Coches.

D. João V morreu a 31 de julho de 1750, com 60 anos, no Paço da Ribeira (onde nascera) e é conhecido como "O Magnânimo”.

Vasco


D. José I (em falta)


D. Maria I
(autoras: Érica e Geovana)

 

D. João VI
(autor: Santiago)

D. João VI, também chamado de “O Clemente”, nasceu em 13/05/1767, em Lisboa, filho do rei D. Pedro III e da rainha D. Maria I. 

Ele casou-se no dia 8 de maio de 1785 com D. Carlota e teve nove filhos.

Um dos principais acontecimentos do seu reinado foi a Revolução Liberal (1820), que aconteceu enquanto estava no Brasil.

Ele jurou a constituição liberal – a Constituição de 1822 -, sendo o primeiro monarca liberal em Portugal.

O seu falecimento foi a 10 de março de 1826, por envenenamento.

Santiago



D. Pedro IV (em falta)


D. Miguel
(autor: Rafael)

D. Maria II
(autora: Renata)

D. Pedro V
(autoras: Daniela e Mariana)

D. Luís
(autores: Renato e Lara)

D. Luís nasceu em 31 de outubro de 1838, em Lisboa. 

O ascendente de D. Luís era Pedro V.

D. Luís casou com D. Maria Pia de Saboia.

Os descendentes de D. Luís foram Carlos I e Afonso, Duque do Porto.
D. Luís morreu a 19 de outubro de 1889, em Lisboa.

Renato


D. Carlos
(autora: Daiane)

D. Manuel II
(autor: Danilo)

O rei D. Manuel II nasceu no dia 15 de novembro de 1889, no Palácio de Belém, Lisboa. O pai era Carlos I de Portugal e a mãe Amélia de Orleães.

Foi o último rei de Portugal, tendo saído do país para o exílio, em Inglaterra, a 5 de Outubro de 1910.

O rei D. Manuel II casou-se com D. Augusta Vitória de Hohenzollern-Sigmaringen e não tiveram filhos

D.Manuel II faleceu inesperadamente na sua residência, em 2 de julho de 1932, sufocado por um edema da glote. O Governo português, chefiado por António de Oliveira Salazar, autorizou a sua sepultura em Lisboa, organizando o funeral com honras de Estado. Os seus restos mortais chegaram a Portugal, em 2 de agosto, sendo sepultados no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. 

Danilo

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Trabalho desenvolvido nas disciplinas de Ed. Visual e Tecnológica (Prof.ª Teresa Gonçalves), Português (Prof.ª Ema Fuzeta) e História e Geografia de Portugal.




Meios de comunicação - Telemóvel

O primeiro telemóvel foi inventado em 1970, por Martin Cooper, que assumiu o cargo de responsável pela equipa de desenvolvimento do primeiro telemóvel do mundo. O primeiro protótipo que efetivamente funcionou, levou apenas 90 dias para ficar pronto. Pesava 793 gramas.



Danilo, 6.º E


Meios de comunicação - Telégrafo

Quem inventou a telegrafia foi Samuel Finley Breese Morse.

Ele construiu o seu primeiro protótipo de telégrafo em 1835 e, em 1838, estabeleceu o primeiro código morse.


A primeira linha telegráfica foi terminada em 1844, ligando duas cidades americanas: Baltimore e Washington DC.

A primeira mensagem transmitida pelo telégrafo foi What hath God wrought! (Que obra fez Deus!)


Em Portugal, foi no ano de 1857 que abriram ao público os primeiros serviços telegráficos. No final do século XIX já havia 8000 km de linhas em Portugal.

Renato, Santiago e Vasco, 6.º E


Meios de comunicação - A Carta de Pero Vaz de Caminha

A comunicação da descoberta do Brasil ao rei D. Manuel I

Pero Vaz de Caminha era o escrivão da armada comandada por Pedro Álvares Cabral que se dirigia para a Índia.

Carta de Pero Vaz de Caminha é o documento em que Pero Vaz de Caminha conta muito da história do descobrimento do Brasil, descrevendo as suas impressões sobre o território e os seus nativos. É considerado o primeiro documento escrito da história do Brasil.

Depois de ter descoberto oficialmente o Brasil em abril de 1500, a armada prosseguiu o seu caminho para a Índia, mas era necessário comunicar ao rei D. Manuel I a novidade da descoberta do Brasil. Uma nau retornou a Portugal trazendo a Carta de Pero Vaz de Caminha.


O rei terá tomado conhecimento da descoberta cerca de dois meses depois do acontecimento.

Diogo, Lara, Leonor, Phellype e Renata, 6.º E


Meios de comunicação - Pombos-correio


O pombo-das-rochas selvagem tem uma grande capacidade de retornar ao seu ninho, tornando-se pombos-correio.

Sabe-se que os pombos-correio já eram usados para trocar mensagens por volta de 3.000 a.C., no Antigo Egito.

No século XIX os pombos-correio eram utilizados para comunicações militares. Foram ainda muito usados na I Guerra Mundial.

Artur, 6.º E


23 de outubro de 2021

25 de abril de 2021

25 de Abril de 1974


«Quando a 25 de Abril de 1974 um grupo de jovens capitães leva a cabo um golpe de Estado que, em menos de 24 horas, derruba uma ditadura que dominava Portugal há mais de quatro décadas, o rumo da história nacional muda decisivamente. As suas vidas, assim como as de milhares de portugueses, estavam prestes a alterar-se de forma radical. Em breve, o golpe de Estado dá lugar a uma Revolução que durante quase dois anos agita o país, abrindo um leque de possibilidades quanto ao caminho a seguir.»

Maria Inácia Rezola, 25 de Abril - Mitos de uma revolução


26 de março de 2021

A doação do Condado Portucalense - redação de um texto

Resultado de um trabalho realizado pelas turmas do 5.º ano, de redação de um texto sobre a doação do Condado Portucalense.

Tópicos obrigatórios do texto:

- Quem fez a doação do Condado Portucalense;
- A quem foi doado;
- Quando foi doado;
- Por que motivo foi doado;
- Quais as condições impostas por quem o doou.

Texto final do Romeu (5.º B), depois de corrigido.

«O Condado Portucalense foi doado no ano de 1096. Quem fez a doação do condado foi D. Afonso VI e foi doado a D. Henrique e a D. Teresa.

O condado foi doado a D. Henrique pelos serviços prestados por este a D. Afonso VI no combate contra os muçulmanos. 

As condições impostas pelo rei D. Afonso VI foram as seguintes: D. Henrique tinha de prestar auxílio militar quando o rei pedisse, tinha de ir às suas cortes, defender o Condado Portucalense dos ataques dos inimigos e alargar as fronteiras do Condado a sul, através da conquista de terras em posse dos muçulmanos.»



14 de março de 2021

Se D. Afonso Henriques tivesse BI...

 ... em tempos de República.

A Leonor (5.º C) não pôs em causa o regime republicano. 
E o BI ficou catita!...

 

A Alice (5.º B) privilegiou o texto manuscrito e o preto e branco.

Ambas apontam 5 de agosto de 1109 como sendo a data de nascimento e Guimarães como o local.
Mas será que foi mesmo assim?

Guimarães é tradicionalmente apontado como o seu local de nascimento e a tradição "ainda é o que era". Mesmo que os estudos mais recentes apontem para Viseu (ver vídeo) - os jovens alunos têm dificuldade em se desapegar do que aprenderam como sendo certo.  


 

Também é difícil aceitarem que não se sabe a data certa de muitos acontecimentos antigos.
Mas há muitos sites em que as datas são indicadas com uma certeza absoluta e vá lá saber-se quais as fontes para tanta certeza. Isso acontece mesmo em informação facultada por pessoas (divulgadores, professores, investigadores (?), etc.) que deviam ser mais rigorosos. E um dos sites indicados aos alunos incorre nesse erro.
Não fica mal dizer-se que não existe certeza quanto às datas... quando não existe. É muito mais honesto e correto.


Árvore genealógica de D. Afonso Henriques

 Clicar em cima para ampliar.