O Diário de Notícias é - ao que julgo saber - o segundo jornal mais antigo de todos os que são editados em Portugal.
O DN abandonou a edição diária em suporte papel - ontem (30.06.2018) terá saído o seu último número.
Capa do DN n.º 54492, 30 de junho de 2018 |
Capa do DN n.º 54493, 1 de julho de 2018 |
Pensemos que é um jornal com... 154 anos!
Fundado quando Portugal estava em plena monarquia constitucional e o rei era D. Luís I.
Eduardo Coelho num selo editado por altura do centenário da fundação do DN |
Na sua origem esteve Eduardo Coelho, nascido em Coimbra, a 22 de Abril de 1835, numa rua que hoje tem o seu nome.
Veio para Lisboa, ainda muito novo, para se empregar.
Em 1857, entrou para a Imprensa Nacional, onde trabalhou na composição (produção) de livros.
Colaborou em várias publicações, tendo conhecido, então, Quintino Antunes, proprietário de uma tipografia - Tipografia Universal de Tomás Quintino Antunes.
E os dois fundaram o Diário de Notícias.
Tomás Quintino Antunes |
Marina Tavares Dias, Lisboa Desaparecida, vol. IV
* ardina - vendedor de jornais
Busto de Eduardo Coelho e, à frente, afigura do ardina (que se pode ver com mais pormenor na figura da direita) |
O Diário de Notícias foi inovador pelo tipo de textos (editorial, reportagem), pelo seu preço mais baixo (em comparação com os existentes à época) e por ser o primeiro a introduzir publicidade e a publicar anúncios.
(ver aqui texto do n.º 1 do DN)
A primeira ilustração no jornal surgiu ao fim de 13 anos, a 14 de junho de 1877, e tratava-se de um mapa relativo à guerra russo-turca.
Em 1940, o DN saiu do Bairro Alto e instalou-se ao cimo da Av. da Liberdade, num edifício construído de raiz para o efeito.
Av. da Liberdade, com o edifício do Diário de Notícias à esquerda. |
O novo edifício desenhado por Stuart Carvalhais, ainda antes da sua inauguração, para um suplemento do DN. |
No interior do edifício existe um conjunto de painéis e de frescos da autoria de Almada Negreiros, em espaços que eram de acesso público.
Destaca-se um planisfério de 54 metros quadrados, gravado na pedra, onde Almada representou os quatro elementos da terra (água, fogo, terra e ar) e os doze signos do Zodíaco.
Fresco Alegoria à Imprensa, de Almada Negreiros |
Pormenor do mesmo fresco |
Fresco Quem não sabe arte não-na estima (nome retirado de um verso de Luís de Camões em Os Lusíadas, canto V) |
O DN mudou-se, entretanto, para novas instalações. Esperemos que este valioso património não se perca e possa continuar a ser admirado.
Que os novos proprietários saibam arte e a estimem!
E que o Diário de Notícias, património da nossa imprensa, num tempo tão difícil para os jornais em papel, possa continuar a ser uma referência do jornalismo em Portugal.
DN, edição comemorativa dos 150 anos (29 de dezembro de 2014) |
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