«[Sabe-se
que de manhã, entre as nove e meia e as dez horas] começou o território de
Lisboa a tremer de sorte que dentro de pouco tempo se sentiu abalar a terra por
vários modos. (…) alguns sete minutos durou o tremor de terra, o mais
formidável que já viram os portugueses. A este se seguiram outros quatro, mais
pequenos na duração, mas iguais na força. (…) Ao primeiro tremor de terra se
seguiu imediatamente no mar uma extraordinária alteração e crescimento das
águas (…) e em Lisboa saindo dos seus limites, e entrando pela terra dentro
mais de cinco estádios, romperam as ondas algumas pontes, desfizeram muros, e
arrojaram à praia madeiras de demarcada grandeza (…) mas ainda não se dava por
satisfeita com estes castigos a ira de Deus que no mesmo dia afligiu com outro
novo. (…) Foi esse um grandíssimo incêndio, que de repente se ateou em vários
sítios da cidade (…) puderam as chamas discorrer livremente por várias partes,
e consumir em quatro dias as riquezas de uma cidade, que era o Empório de toda
a Europa.»
Padre
António Pereira de Figueiredo (1725 - 1797)
(citado em RAMOS, Rui (coord.), História de Portugal
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