A 9 de setembro de 1973 realizou-se, no monte
do Sobral, em Alcáçovas (distrito de Évora), uma reunião de 136 oficiais de
todas as armas e serviços das Forças Armadas, em reação aos decretos-leis n.ºs
353/73 e 409/73 (de 13 de julho e de 20 de agosto de 1973).
A maioria dos
presentes decidiu continuar a contestar os citados decretos, juntando-se ao
protesto subscrito por 51 oficiais a prestar serviço na Guiné-Bissau (incluindo
Otelo Saraiva de Carvalho, Manuel Monge, Salgueiro Maia, Duran Clemente e
Carlos Matos Gomes) e a que se juntariam mais 97 oficiais a prestar serviço em
Angola.
Um documento dirigido ao presidente do Conselho, com conhecimento ao
Presidente da República, foi redigido e, posteriormente, posto a circular para
recolha de assinaturas. Nele era pedida uma solução para a situação de
injustiça criada pelos citados decretos-leis.
Esta reunião é considerada o nascimento do
Movimento das Forças Armadas.
Os referidos decretos pretendiam resolver
o problema da falta de oficiais com que o exército se debatia face à
continuação da guerra colonial. Mas eles permitiam que capitães milicianos entrassem
para o quadro permanente realizando um “curso acelerado para oficiais” (de 2
semestres) e, dessa forma, ultrapassassem os cadetes formados na Academia Militar
e que já pertenciam ao quadro permanente (e que necessitavam de 4 anos para
serem promovidos a alferes).
Perante a recusa de diálogo por parte das
autoridades políticas e militares, a 6 de outubro teria lugar uma nova reunião.
A 12 de outubro, o Ministro do Exército e
da Defesa Nacional, Sá Viana Rebelo, que defendia os decretos em causa, acabou
por os suspender e o Ministro do Ultramar, Silva Cunha, nomeou uma comissão
para estudar a situação dos oficiais face a estes diplomas.
Curiosamente, na remodelação governamental
que teve lugar no mês seguinte (7 de novembro), Viana Rebelo deixou de fazer
parte do Governo, Silva Cunha passou a Ministro da Defesa Nacional e o Ministro
do Ultramar passou a ser Baltasar Rebelo de Sousa (pai do atual Presidente da
República).
Apesar da suspensão dos decretos, o
Movimento dos Capitães não parou, ganhando uma tonalidade mais política. A
reunião de 9 de setembro terá marcado o fim da “fase corporativa” e o início da
fase em que se colocou como necessária uma solução política para guerra em
África.