O ato de medir faz parte da vida humana desde as primeiras civilizações.
É preciso medir ou pesar os produtos que se compram, trocam e vendem ou com os quais se pagavam impostos. É preciso medir as distâncias entre locais ou as superfícies dos terrenos. É preciso definir as medidas dos edifícios que se constroem. É preciso medir o tempo...
As medidas que usamos em Portugal estão definidas no Sistema Internacional de Unidades (SI).
Para o comprimento, a medida principal é o metro (m).
Nas medidas de volume ou de capacidade, usamos o litro (l).
Na medição da massa (na linguagem comum às vezes chamamos "peso"), o padrão de medida é o quilograma (kg).
Mas nem sempre foi assim...
No tempo de D. Afonso Henriques e durante vários séculos, os pesos e as medidas eram muito diferentes dos que usamos agora e tinham outros nomes: não havia metro, nem litro, nem quilograma.
Os vários sistemas de medidas usados em Portugal até ao século XIX cruzam influências romanas, árabes e europeias.
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Pesos antigos, em granito |
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Medidas de capacidade: chamadas "medidas de pão" - alqueire, meio alqueire e quarta de alqueire
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A quarta, a rasa, a arroba, a onça, o arrátel eram nomes de medidas de peso, entre as mais usadas.
O tonel, a pipa, a cuba, a cabaça e o quartilho eram medidas de capacidade.
O almude e o alqueire eram, simultaneamente, unidades de peso e de capacidade, pois em muitos locais havia uma relação entre as medidas de sólidos e de líquidos.
Cada aldeia tinha as suas medidas. Por exemplo, uma arroba numa aldeia podia ser mais pesada do que uma arroba de outra aldeia, mas o preço do produto em causa podia ser o mesmo.
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Nas pedras das portas dos castelos ou das igrejas estavam marcadas as medidas de comprimento, para que os comerciantes pudessem saber o seu valor nessa localidade. |
Tudo isto originava a existência de enganos e de abusos.
Por esse motivo, vários reis procuraram criar um sistema uniforme de pesos e de medidas, pois eram eles que tinham o poder de os definir.
Mas, nessas épocas mais recuadas, muitas terras eram governadas por nobres e por elementos do clero (da Igreja), os quais aplicavam (ou permitiam) pesos e medidas que se tornavam variáveis de terra para terra.
As medidas reais não tiveram, por isso, grande sucesso e nunca foi possível medidas universais em todo o país. A reforma mais consistente e mais duradoura (manteve-se até ao início do século XIX) foi a de D. Manuel I, ajustada por D. Sebastião.
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No chão, em primeiro plano, caixa de pesos. |
Até que...
Em 1814, o príncipe regente D. João (que viria a reinar com o nome de D. João VI) deu o seu acordo à reforma dos pesos e medidas, preparada por uma comissão, e ordenou que passassem imediatamente a fabricar os padrões dos novos pesos e medidas, baseados no Sistema Métrico Decimal, a exemplo do que se fizera em França.
A ordem real foi cumprida e foram fabricados conjuntos de padrões para distribuir pelos concelhos.
O Sistema Métrico Decimal adotou três unidades
básicas de medida - o metro, o litro e o quilograma.
Neste sistema, as medidas estavam todas relacionadas: a unidade de capacidade foi definida a partir da unidade de comprimento e a de peso a partir da de capacidade.
Tratava-se de um sistema universal, pois a unidade de origem baseava-se em algo imutável: o tamanho da Terra. O metro equivale à décima milionésima parte da distância da linha do Equador ao Pólo Norte.
O Sistema Métrico Decimal é o percursor
do Sistema Internacional de Unidades (SI), estabelecido em 1960, que é o sistema de medidas utilizado atualmente em Portugal.
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